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Arquitetos: AREP
- Ano: 2021
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Fotografias:AREP Vietnam
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Vietnã é considerado um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas no mundo. Prevê-se que fenômenos climáticos como inundações, tufões, ondas de calor e secas aumentem tanto em intensidade quanto em frequência nos próximos anos. Entre os vários problemas que as cidades vietnamitas enfrentam, as ondas de calor são provavelmente os eventos mais longos e cíclicos.
Ainda assim, as soluções modernas de condicionamento climático têm um alto custo ambiental. Elas exigem uma quantidade enorme de energia das usinas movidas a carvão e - além do vazamento de gás na atmosfera - alimentam diretamente as mudanças climáticas. Aproveitamos a oportunidade da Bienal de Arquitetura e Urbanismo de Seul 2021 “Construindo uma Cidade Resiliente” para projetar um dispositivo de resfriamento alternativo que não usa energia nem gás. Procurávamos uma solução 100% sustentável, de baixa tecnologia e acessível.
Durante séculos, as civilizações antigas resfriaram seus edifícios usando o frescor natural da água por meio do princípio adiabático. Para evaporar, a água precisa da energia que é “absorvida” do calor ambiente, gerando o efeito de resfriamento. Para compreender facilmente, imagine um corpo d'água em um parque no verão: quanto mais perto você chega dele, mais sente um ar fresco.
Paralelamente, o artesanato vietnamita continua vibrante e o interior do país está repleto de vilas de artesãos, cada uma especializada em um comércio específico, como bambu, seda, cerâmica e muitos outros. Isso nos ajudou a projetar um dispositivo de resfriamento de baixa tecnologia usando o princípio adiabático associado ao conhecimento de um artesão local. Foi criada uma torre de bambu com forma hiperboloide para conferir estabilidade estrutural. Entre os polos principais instalou-se um meio no qual a água corre por gravidade e em seu centro está uma espécie de soprador que captura o ar quente de cima e o empurra para baixo à altura de um homem. Ao cruzar a água duas vezes, o ar é resfriado naturalmente pelo princípio adiabático.
Para provar a eficiência do nosso projeto, decidimos construir um protótipo em Hanói. Desenvolvemos nosso próprio modelo digital paramétrico em BIM para estudar várias formas potenciais e efeitos de resfriamento e, com a ajuda de um artesão local que trabalha com bambu, fomos capazes de construir um protótipo operacional em escala real.
No dia do teste conseguimos baixar a temperatura em 6° C, de 30° C para 24° C, comprovando a viabilidade do design e fazendo uma enorme diferença no conforto ao ar livre, já que era possível sentir genuinamente um ar mais fresco ao redor do dispositivo. Nossa ambição agora é implementar esta solução sustentável, de baixa tecnologia e baixo custo em climas mais secos, como em cidades ao redor da bacia do Mediterrâneo ou no Golfo, onde o resfriamento adiabático é ainda mais eficiente. Durante os verões quentes e secos, nosso conceito será ideal para resfriar espaços ao ar livre, como praças públicas, ruas de pedestres ensolaradas ou até edificações maiores como estações de trem.